CEPESE CEPESE | CENTRO DE ESTUDOS DA POPULAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE

Regresso como exercício de desdobramento de pertença

Sofia Afonso
CEPESE
2017
16 páginas

Para melhor compreender – e traduzir – como o regresso à terra natal ou ao país de origem constitui sempre um movimento de desvio da rota pretendida, ponho em diálogo dois discursos: exercícios artísticos da autoria de Marco Godinho, de Joe Lima e de Svetlana Boym; e entrevistas realizadas junto de luso-franceses e de luso-alemães.
Ao regressar, tanto a primeira geração como os seus descendentes confrontam-se com uma outra realidade. De presumível pertencente, o ator do regresso torna-se estranho, transforma-se num outro corpo que terá de desenvolver estratégias, discursos, recursos conscientes ou já autoassimilados para construir um novo espaço de pertença. A experiência do regresso, desejado ou não, vivido individualmente ou com outra configuração familiar, narrada ao longo das entrevistas a luso-franceses e a luso-alemães3, independentemente das especificidades que cada um destes contextos referencia, demonstra que a casa é estranha, que o regresso “obriga” os atores nesse espaço dito de pertença e muitas vezes reivindicado como tal a reposicionarem-se enquanto atores de um desdobramento identitário.


Palavras-chave: emigração; segunda geração; experiências de retorno; arte; Portugal