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Apresentação da obra "As Casas de Brasileiros no Concelho de Paredes"

Há muito que as casas construídas pelos brasileiros ocupam o imaginário e a paisagem do Norte de Portugal, sendo alvo de inúmeras questões. Quem foram os homens e as mulheres que ordenaram a sua construção? Quais as características a destacar destas casas? Por que razão se implantaram junto das avenidas principais? Foi neste contexto que foi preparada a obra "As Casas de Brasileiros no Concelho de Paredes", da autoria da nossa investigadora Alda Neto, com vista à valorização e conhecimento deste património arquitetónico português dos séculos XIX e XX.

Apoiada pela Câmara Municipal de Paredes, Santa Casa da Misericórdia de Paredes e CEPESE, esta publicação foi lançada no passado dia 19 de junho, no Palacete da Granja, atual Casa da Cultura de Paredes e uma das casas de brasileiro. O evento foi moderado pela vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Paredes, dra. Beatriz Meireles, cabendo ao professor doutor Fernando de Sousa a apresentação do livro, que realçou a importância de obras como esta para o estudo da emigração portuguesa para o Brasil e das relações estabelecidas entre Portugal e o Brasil. Por sua vez, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, dr. Ilídio Meireles, destacou a importância destes estudos locais para o conhecimento dos concelhos e da sua história, uma vez que estes brasileiros foram fundamentais para o desenvolvimento económico, social e cultural das suas terras de origem.

A autora deste estudo, Alda Neto, considera que, numa época em que o tema da migração dos povos é, constantemente, abordado pela historiografia, é extremamente importante e pertinente analisar os casos bem-sucedidos de homens e mulheres que partiram um dia de um país densamente povoado e economicamente pobre e regressaram endinheirados. Estes emigrantes, chamados de brasileiros de torna-viagem, saíram muito jovens, crianças, para um país onde o único elemento conhecido era a língua e um ou outro familiar ou amigo e regressaram adultos a um país que permanecia agrícola e pouco industrializado. Este sucesso materializou-se na afirmação de uma identidade pessoal e material nas suas localidades de origem, que se refletiu no património que construíram, recuperaram ou conservaram: as casas, igrejas, escolas, estradas, jardins ou os coretos.