População e Sociedade, n.º 35
Embora as raízes ideológicas e os posicionamentos político-partidário dos europeus não sejam alheios ao processo de integração europeia, os últimos anos tornaram essa dimensão mais clara e trouxeram-na para o centro do debate, com o reforço da presença de partidos e de forças políticas de extrema-direita e de extrema-esquerda cujo discurso propende ao euroceticismo, ou mesmo à recusa da União Europeia.
O euroceticismo não é novo na política europeia, contando a União Europeia, de longa data, com opositores. As razões para o ceticismo ou para a rejeição do projeto europeu são, todavia, diferentes: se, de um lado, o discurso anticapitalista tem predominado, do outro é um neonacionalismo exclusivista que tem servido de catalisador. A União Europeia singra agora contraventos que semeiam o espectro da desintegração.
A secção Varia é composta por dois estudos. Um sobre os mecanismos digitais para a participação dos partidos políticos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que analisa e compara a implantação de dispositivos de participação política digital entre os partidos políticos dos quatros maiores Estados da CPLP em termos de população (Angola, Brasil, Moçambique e Portugal). O outro versa sobre a luta de “classes” e a disputa “nacional” nos Açores em 1580, analisando o papel da família de Jácome Trigo perante a resistência terceirense e a conquista espanhola.