Casa e família. As “ilhas” no Porto em finais do século XIX
- 1996
- 25 páginas
Nos estudos de história da família, a «casa» aparece frequentemente como unidade de análise social, dada a importância que assume enquanto espaço onde convergem múltiplas funções e se estabelecem relações complexas. Os trabalhos pioneiros do Grupo de Cambridge (Laslett e Wall, 1972), nomeadamente, centrados em grande parte dos casos no estudo dos fogos, permitiram contribuições valiosas para a ruptura decisiva com uma forte tradição sociológica que assentava nas teses da «nuclearizarão progressiva» e da «desorganização familiar». No entanto, entre as maiores críticas que se se fizeram aos trabalhos deste Grupo, destaca-se a sua excessiva concentração no fogo, conduzindo «to a límited víew of the family as strictly a residential unit», a uma identificação forçada entre «fogo» e «família» (Hareven, 1982: 5). Taís críticas, longe de negarem a importância da casa enquanto unidade social, procuravam sobretudo chamar a atenção para a necessidade de ter em consideração as relações familiares mais amplas e complexas para além da família co-residencíal, o que equivalia a relativizar a própria dicotomia entre famílias nucleares e famílias complexas.