A azulejaria nos mosteiros beneditinos do Entre Minho e Vouga
- 14 páginas
A instituição da Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal, em 1566, inaugurou um novo sistema administrativo que possibilitou o equilíbrio económico da Ordem e o início da transformação arquitectónica e artística dos mosteiros portugueses. O estudo das casas monásticas sitas a Norte do rio Vouga revelou a azulejaria como elemento essencial na renovação artística em curso. Recorrendo a diferentes tipologias de azulejo, os monges beneditinos revestiram diversas superfícies murárias e procuraram criar uma simbiose harmoniosa entre a azulejaria e o espaço que lhe estava destinado. O azulejo de padrão constitui uma tipologia recorrente nos mosteiros analisados, embora sejam consideráveis os conjuntos de azulejo figurativo, presentes sobretudo nas casas monásticas de maiores rendimentos. Outros cenóbios, devido aos baixos recursos financeiros, recorreram ao azulejo para revestir essencialmente espaços utilitários e de passagem. Os mosteiros de São Martinho de Tibães e São Bento da Vitória destacam-se no panorama traçado constituindo dois pólos que orientaram as linhas gerais da renovação artística beneditina, funcionando simultaneamente como modelos recíprocos entre si. A dinâmica reformadora dos mosteiros contou com uma produção azulejar que proveio essencialmente de Lisboa, sendo desconhecidas oficina e autoria. A abordagem formulada vem enriquecer o estudo de um objecto artístico muito apreciado no contexto monástico beneditino e abrir portas para a compreensão do papel da azulejaria na renovação artística dos séculos XVII e XVIII.
- Palavras-chave: Congregação de São Bento, Renovação Artística, Azulejaria