«Alcipe» e a relação entre o Classicismo e o nascente Romantismo no “Tratado da Velhice”
- 2017
- 54 páginas
O “Tratado da Velhice” é um manuscrito até hoje inédito, existente no Arquivo
Nacional Torre do Tombo e patente no respectivo Arquivo Particular Casa de Fronteira, referente ao espólio da 4ª Marquesa de Alorna. O “Tratado da Velhice” terá sido escrito pela própria «Alcipe» muito perto do fim da sua vida. O texto original do “Tratado da Velhice” é contínuo, não se encontra dividido em partes e/ou com títulos. Realçamos que o “Tratado da Velhice” se trata de um extenso monólogo deveras interessante que «Alcipe» / 4ª Marquesa de Alorna destinou-o a uma filha sua. Não existe aqui um vivo debate de ideias, mas a nosso ver isto é intencional uma vez que este ensaio de cariz filosófico é redigido de modo a explanar com clareza e objectividade o tema da velhice em termos de género. «Alcipe» aborda neste seu ensaio a essência, os direitos e deveres da velhice. A referência e o perfilhar do pensamento de Cícero denota que «Alcipe» comunga do universo da cultura clássica que constituía a base da erudição da elite culta do século XVIII e XIX. A referência e o perfilhar das ideias de Montaigne prende-se a nosso ver com o facto de nos anos setenta, Leonor sentir-se fascinada pelos enciclopedistas, lia livros proibidos e parece não ter sempre em conta os perigos que corria com o seu comportamento. Tirse (Dona Teresa de Mello Breyner, condessa do Vimieiro) afligia-se com as leituras da amiga, «Alcipe», com a divulgação abusiva dos seus poemas e mesmo com os seus estudos. Em primeiro lugar, temia a circulação indevida dos seus poemas. Em segundo lugar, Tirse ficava preocupada com o facto de Leonor estudar inglês e aconselhava-a a dedicar-se também ao latim para criar uma espécie de equilíbrio. Tirse tinha a noção ou partia do pressuposto da época, que os conhecimentos e as competências de uma mulher dever-se-iam manter em segredo tal como as suas produções escritas.- Palavras-chave: Tratado da Velhice, Alcipe, Tirse, Classicismo, Iluminismo e Pré-Romantismo