Registar a viagem. Uma abordagem à ilustração da literatura de viagem estrangeira sobre os Açores e Madeira no século XIX
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No contexto do século XIX, a literatura de viagem é um dos elementos chave no estudo da cultura e mentalidade da época. Forma de conhecimento, formação pessoal, educação social e manifestação cultural, a viagem e o registo que dela foi produzido constitui-se, atualmente, como um elemento indissociável para a compreensão do contexto social e cultural de Oitocentos. No caso das ilhas atlânticas da Madeira e dos Açores, os registos produzidos por estrangeiros em contexto de viagem, embebidos de filtros sociais, culturais e civilizacionais, permitem conhecer, com algum grau de pormenor, a vivência das gentes e a mundividência oitocentista. Tanto no caso do registo escrito, como no caso do registo iconográfico, a sua leitura supõe análises interpretativas cuidadas, pois são
reflexo do contexto dos seus produtores – os viajantes -, dos conceitos associados à viagem – porque se viaja -, e, igualmente, reflexo do contexto de quem recebe – as ilhas e suas gentes. No caso da iconografia, aos cuidados interpretativos que se aplicam igualmente ao registo escrito (o que se desenha e porque se desenha) acrescentam-se elementos técnicos e estéticos (como se desenha) que não se deslindam de conceitos artísticos e culturais românticos como o pitoresco.
Pretende-se, assim, ensaiar uma análise à iconografia produzida pela literatura de viagem oitocentista sobre as ilhas dos Açores e Madeira, abordando a relação desses registos visuais com o registo escrito, a sua individualidade e propósito e as suas características técnicas, incluindo as de edição.