Aproximação ao estudo diacrónico da ictiofauna dulçaquícola no vale do Tejo: os casos de Abrantes e Santarém
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A ictiofauna fluvial é, em geral, muito sensível a modificações ambientais, até porque estes ambientes sofrem fortes impactes directos das actividades antrópicas. Por outro lado, os rios tiveram, desde a Antiguidade Clássica, grande atractividade para o Homem, pelos recursos a eles inerentes, designadamente, pelas actividades piscatórias que propiciam. Assim, os meios fluviais constituem conjuntos binários em que o Homem, através das suas actividades, vai alterando as características ambientais, amplificando ou reduzindo os recursos disponíveis; por outro lado, a própria evolução ambiental natural provoca modificações (temperatura, pluviosidade, caudais, geomorfologia) que se revestem de consequências positivas ou negativas para as populações dependentes do meio fluvial. Neste contexto, a fauna fluvial, com destaque para a ictiofauna, pode servir de indicador das interacções Homem-Meio verificadas ao longo dos tempos históricos. Com base neste pressuposto, tentaram-se identificar no curso inferior do rio Tejo alterações na ocorrência da ictiofauna que pudessem servir de traçadores das alterações aludidas. Na prossecução deste objectivo, tendo sempre em consideração as actividades antrópicas e o que se conhece da evolução climática histórica, analisou-se a fauna dulçaquícola do Tejo inferior tendo como base: a) alusões existentes na documentação escrita medieva; b) dados colectados nas Memórias Paroquiais (1758) para as freguesias de Santarém e de Abrantes; c) inventariações recentes da ictiofauna para o Tejo inferior. Efectuou-se, deste modo, uma análise diacrónica da fauna piscícola centrada em três momentos: Baixa Idade Média, 1758 e actualidade.
- Palavras-chave: Tejo, ictiofauna, Antropização