Geodinâmicas contemporâneas na diáspora portuguesa
- 2014
- 21 páginás
Ao longo dos séculos, a diáspora lusa tem vivido entre um sentimento de sofrimento e de libertação. Sofrimento pelo abandono do país, dos amigos ou da família, provocado pelas várias convulsões que assolaram a sua história, e libertador por significar uma mudança de vida: a esperança de uma vida melhor. Os últimos dez anos confirmam um surto do fenómeno emigratório português que nos transporta para o ambiente de sangria populacional vivido nos anos de 1960-1970. Assistimos a uma tendência para a recrudescência de fluxos para países lusófonos e para destinos tradicionais da Europa ocidental, geralmente apoiados por redes comunitárias e ainda por fluxos mais marginais para outros horizontes. Às primeiras gerações de emigrantes e seus descendentes, integradas socioeconomicamente e culturalmente, tem-se juntado uma nova vaga de emigrantes com perfis socioculturais diferenciados. Surgem dicotomias em termos de relacionamento entre grupos e vagas distintas, bem como problemas de integração. O sucesso da integração das primeiras gerações nos destinos de acolhimento tem moldado as paisagens locais com dinâmicas ao nível da habitação, por vezes com traços da portugalidade, mas também ao nível das atividades étnicas disseminadas nos territórios da diáspora. No contexto da atual mundialização, os contactos com Portugal passam por práticas transnacionais múltiplas, continuando a destacar-se as de índole financeira. A mobilidade geográfica na diáspora assume esquemas diversificados desde os vaivéns mais regulares a Portugal, a circulação migratória multipolar, a circulação migratória nos países de acolhimento, os movimentos pendulares transfronteiriços ou ainda a mobilidade virtual (transvirtualismo) facultada pelas novas tecnologias.